segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sócrates, Fidel, Lula, o Corintians e o Socialismo

http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/4195-socrates#foto-105142
Parece irônico pensarmos que um dos maiores jogadores de futebol da sociedade brasileira, Sócrates, tem o mesmo nome de um dos maiores filósofos da história da humanidade e, ainda, foi uma das grandes lideranças sociais brasileiras que contribuíram para o processo de redemocratização da sociedade brasileira.
Se por um lado o antigo Sócrates, o grego, tinha seu discurso marcado pela vivência cidadã dialética, a valorização do discurso como instrumento de libertação das almas, imersas no universo humano, o novo Sócrates emergiu de um período de Ditadura Militar e contribuiu com o retorno à Democracia especialmente através do movimento "Democracia Corintiana".

http://www.reidaverdade.com/filosofo-socrates-biografia-resumo-obras.html
Lembrei que o Corintians é o time de coração do ex-presidente Lula, um socialista por ideologia e um operário de origem. Superficialmente não há nada a vê essa coincidência da ligação de Sócrates com o time e, também, o presidente Lula. Mas vale lembrar que o estilo de gestão da agremiação assemelha-se grandemente com o estilo de gestão do Partido dos Trabalhadores - PT, no qual o ex-presidente é filiado.
http://www1.folha.uol.com.br/esporte/928020-time-de-fidel-pode-ter-socrates-como-tecnico.shtml
Outro ponto que me chamou a atenção é que um dos filhos de Sócrates (o novo), chama-se Fidel. Isso denota sua forte inspiração socialista, em sintonia com o ex-presidente Lula, amigo de Fidel Castro.
Fidel Castro, o presidente de Cuba, cogitou até em contratar Sócrates como técnico de futebol daquele país.
Confira o link:

Com este artigo, conclamo ao debate dialético acerca da temática.  



por: Jânio Rocha Ayres Teles

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Fundamentos para a política de Chapadinha

Karl Marx afirmava que a consciência dos homens é determinada por sua condição social e material. Refletindo a partir desse fundamento, lembramos o grande argumento que sustenta o grupo político de situação da atualidade no poder é o do passado do atraso. O atraso, aí, significa, a lembrança de momentos de privação material que grande parte da população chapadinhense passou. A prosperidade advinda a partir da estabilidade econômica do município provoca um sentimento de segurança e que garante a manuntenção do grupo no poder.
Relacionada ao pensamento do próprio Marx, a dialética é um fundamento teórico que indica uma estrutura social fundada no confronto de grupos e de idéias que, por sua vez, provoca uma síntese. Esta, por sua vez, constitui-se um elemento consensual e superior aos elementos confrontantes, os grupos.
A 3ª via representa a expressão da dialética apregoada por Marx no sentido de que incorpora a síntese presente no debate dialético entre os dois grupos polarizados da política chapadinhense.
É isso mesmo. No aspecto da dialética a 3ª via encontra um fundamento. Contudo, o primeiro fundamento citado aqui, o da materialidade das consciências, ainda não encontra-se intensamente presente na 3ª via. Explico melhor. Para apresentar-se enquanto proposta alternativa aos grupos polarizados da política chapadinhense, não é suficiente apontar os erros de cada um. É necessário, sim, incorporar os pontos positivos desses grupos e, também, promover alterações materiais positivas na vida da população ou, pelo menos, de lideranças sociais do município. Sem isso, o ressoar do combate à corrupção não encontrará eco em meio à sociedade chapadinhense.
O Budismo aponta o caminho do meio como o encontro da felicidade, da iluminação e da auto-realização do ser humano. Contudo, esse caminho do meio, a 3ª via, não é composta do comodismo e conformismo da situação e nem no radicalismo da oposição. Traz, sim, a temperança, a eficiência e a prosperidade como marcas e como a face desse novo grupo.
A política é complexa e lida com a materialidade da vida das pessoas e, por isso, exerce tanto fascínio em meio às mentes. Não se pode reduzir as relações políticas apenas enquanto um confronto entre os "bons" e os "maus". Se assim for, sempre nos consideraremos o lado bom. Contudo, assim como na filosofia oriental, o bem pode estar contido no mal e vice-versa. Não se trata de separar um do outro, mas vê-los como parte da complexidade dialética da vida.
A 3ª via de chapadinha é composta de homens corajosos e que, ao meu ver, estudam e ensaiam uma revolução política. Só nos resta observar, analisar e contribuir, caso haja coesão, coerência e eficiência.

por: Jânio Rocha Ayres Teles


Fonte de figuras da quebra-de-braço e Budismo:

sábado, 5 de novembro de 2011

Um Raio X da 3ª Via em Chapadinha

A 3ª Via, em Chapadinha, corresponde a um conjunto de lideranças que, por diferentes motivos, estão afastados dos dois grupos polarizados da política local: Isaías/Belezinha e Magno/Danúbia.

De um modo geral, aqueles que se ensaiam como alternativa já estiveram no poder, ou de um lado, ou de outro.

Exemplos clássicos disso é o fato de estarem presentes na 3ª Via pessoas como Vagner Pessoa, ex-partidário do grupo Isaías, e Dr. Levi, ex-partidário do grupo Magno. Associados a eles há outras lideranças de semelhante característica.

Vale lembrar, mais uma vez, que os prováveis motivos de estarem distantes dos grupos polarizados não são os mesmos para todos, o que mantém uma certa fragilidade de coesão de propostas na 3ª Via.

Vale lembrar, também, que a maioria das pessoas da 3ª Via são provenientes do grupo de Magno, o que denota uma natural tendência de afastamento em relação ao grupo de Isaías, o que, na reta final, numa possível polarização, pode eclodir enquanto opção política.

Isso ocorreu em 2008, quando Talvane e Levi apresentavam-se enquanto alternativa da 3ª Via. A desunião dos dois provocou uma nova polarização da eleição, o que fez com que os votos próximos de um lado ou de outro migrassem para os candidatos principais.

A tendência de polarização da eleição de 2012 torna-se iminente, haja vista o fato de que, possivelmente, as pessoas que votaram na 3ª Via em 2008 terem receio em entregar a eleição para o lado a que tem rejeição. Em outras palavras, as pessoas que votaram em Levi e Talvane e que teem tendência a apoiar Magno, por exemplo, pensarão duas vezes antes de entregar para Isaías.

Por sua vez, as pessoas que apoiaram Talvane e Levi e que também teem a tendência em apoiar Isaías tenderão à segurança do voto na candidatura que tiver mais potencial para tomar a política de Magno.

Enfim, tanto um lado quanto o outro (falo dos eleitores de um modo geral), estão mais pensativos quanto a flexibilizar o voto. Esta eleição de 2012 não será de candidatos, mas sim, de grupos. Isso determinará, inclusive, se a eleição estará nas mãos de Danúbia ou Belezinha.

Além de tudo isso, perpassa esta discussão a questão estadual, em que o grupo de 3ª Via constitui-se em sua maioria de pessoas provenientes do grupo de Jackson Lago (podendo haver, como plano de fundo na eleição, a disputa entre a Família Sarney e Flávio Dino. Somente se o debate polarizar-se a partir de parâmetros estaduais é que a 3ª Via terá força. Caso contrário, permanecerá entre os dois grupos hegemônicos.
http://alexandre-pinheiro.blogspot.com/2010/08/nota-10-e-isaias-diferentes-ate-no.html

Pessoalmente acredito que, politicamente, se houver uma polarização da eleição, o lado de Magno e Danúbia (resistente ao retorno de Isaías) ganhará, mesmo que seja por um nariz.

Jânio Rocha Ayres Teles


Crédito das imagens:












sábado, 29 de outubro de 2011

O Poder de Mobilização das Massas... quem tem?

Problemas sociais são complexos e demandam soluções coletivas. Aquela história de que sem todos pelo Brasil não haverá Brasil para todos é a mais pura verdade. Por isso, ainda que as dificuldades sejam grandes, cada organização da sociedade civil, cada empresa, cada prefeitura e secretaria, cada escola, cada grupo de jovem brasileiro, enfim, cada pessoa que despertou para o exercício da participação social, além de fazer a sua parte, precisa “acordar” outras pessoas para a construção de um país melhor e mais justo.
Uma das maneiras mais eficientes de despertar as pessoas e promover a sua participação é a mobilização social, ferramenta que está ao alcance de todos e tem um papel fundamental na superação da cultura do “porque aqui é assim”.


UM PARADIGMA AMPLIADO SOBRE MOBILIZAÇÃO SOCIAL

A palavra mobilização, quando entra pelos nossos ouvidos, logo faz surgir da memória aqueles episódios de manifestações públicas, com uma multidão nas ruas, portando faixas e bandeiras, cantando hinos e gritando palavras de ordem.
Passeatas e acontecimentos similares são tão importantes que é até difícil conceber um processo de mobilização sem eles. Mas para entendermos a importância da mobilização social e aproveitarmos todo o seu potencial como estratégia de construção da democracia nesse momento da história brasileira, a primeira coisa que precisamos fazer é ir além dessa idéia, abrindo nossa cabeça para um jeito ampliado de pensar sobre o assunto:
I. Mobilização é evento, mas também é processo: Muitas pessoas conscientes e com vontade de fazer alguma coisa não arregaçam as mangas ou desistem de participar porque se sentem meio isoladas, falando sozinhas. Saber que outras pessoas estão querendo o mesmo que nós, experimentando os mesmos sucessos e fracassos, dá mais segurança para tomar uma iniciativa e motivação para continuar participando.
Os eventos e as manifestações públicas têm um papel muito importante para criar esse sentimento de que todos estamos no mesmo barco. E, além disso, essas reuniões entre as pessoas, seja na praça pública, num ginásio ou numa sala de aula, servem também para celebrar conquistas e trocar informações.
Acontece que mesmo um conjunto de eventos, seminários, oficinas, gincanas e passeatas não equivale a um processo de mobilização. Depois que as pessoas saem de uma passeata e voltam para as suas casas e para o seu trabalho, a mobilização precisa continuar acontecendo. Caso contrário, os resultados dos eventos podem se perder no cotidiano.
II. Mobilização é quantidade, mas também é qualidade: Se tentar, você não vai ter muita dificuldade em quebrar uma pequena vareta de madeira com as mãos. Mas se você fizer um maço de 50 varetas a tarefa certamente vai ficar mais difícil.
Juntar muita gente (quanto mais, melhor!) é fundamental para gerar mudanças sociais. Com bastante gente o movimento fica mais sólido e consistente.É aquela velha história: a união faz a força, uma andorinha só não faz verão, unidos venceremos...
Um dos papéis da mobilização é fazer muita gente participar. Mas ao mesmo tempo, devemos considerar que “fazer parte” não é o mesmo que “tomar parte”. E que “ser parte”, por sua vez, representa um tipo de envolvimento ainda mais profundo. “Fazemos parte da população do Brasil, mas não tomamos parte nas decisões importantes”. “José toma parte das decisões, mas não se sente parte do grupo”.
Assim, a prova de fogo da mobilização não é só quantas pessoas participam, mas também como elas estão envolvidas. Às vezes um grupo pequeno, mas com pessoas altamente comprometidas, é muito mais eficiente do que outro com centenas de desinteressados.
III. Mobilização é reivindicação, mas também é projeto de futuro: Pedir o impeachment do presidente, como aconteceu em 1992, ou exigir eleições diretas, como aconteceu em 84, são exemplos de um exercício cívico, em muitos sentidos pouco presente na sociedade brasileira, que deve ser amplamente incentivado e valorizado num processo de mobilização.
No entanto, apesar de serem fundamentais, as reivindicações não sustentam um processo efetivo de mudança. E por isso, é fundamental que além das metas de curto prazo, todo processo de mobilização seja pautado também pelo alcance de objetivos de longo prazo e pela construção de um projeto de futuro.
IV. Mobilização é paixão, mas também é razão: O educador colombiano Bernardo Toro costuma dizer que mobilizar é “convocar vontades”. E que, neste sentido, participar de um processo de mobilização é um ato de paixão. Sem dúvida, deve haver um vínculo emocional e em certo ponto até afetivo das pessoas com o movimento, seus participantes e sua causa.
Mas o próprio Toro alerta para o fato de que a mobilização é também um ato de razão, na medida em que consciências, e não somente vontades, devem ser mobilizadas. Sentir que a participação é importante é fundamental. Mas é necessário que as pessoas saibam também porque e para que participam.
V. Mobilização é comunicado, mas também é comunicação: Um sujeito distribui panfletos na esquina. Cartazes são colados nos ônibus, no metrô e nos postes. Um outdoor convoca a população... esses são sem dúvida elementos imprescindíveis a um processo de mobilização.
A mobilização, no entanto, não se confunde com comunicados, nem com propaganda ou divulgação. Ela exige ações de comunicação em seu sentido mais amplo, através das relações interpessoais, do diálogo e do bate papo. Muitas vezes é no dia a dia, no corpo a corpo, que as pessoas são mobilizadas.
VI. Mobilização é heroísmo, mas também é cotidiano: Pessoas que se dispõem a espreitar-se pela fumaça das bombas de gás lacrimogêneo ou se colocam na frente de tanques de guerra em nome de uma causa são muito bem vindas a um movimento. Este tipo de atitude demonstra um envolvimento e uma disposição de nível diferenciado e que, guardados os excessos, podem ser muito positivos para gerar as mudanças que o processo de mobilização pretende alcançar.
É preciso considerar, no entanto, que nem toda pessoa disposta a contribuir e participar de um processo de mudança está disposta a tomar esse tipo de atitude e correr esses riscos. Por isso, um processo de mobilização se sustenta pela atuação das pessoas em seu dia a dia, em seu cotidiano. Só assim as mudanças serão efetivamente asseguradas a longo prazo.


MAS AFINAL, O QUE É MOBILIZAÇÃO SOCIAL?

Abrindo um dicionário encontramos dois significados para a palavra “mobilizar”: “1. Dar movimento a; movimentar; 2. Apelar para os serviços de alguém”. Mais do que uma sutileza semântica, a diferença entre esses significados é tão importante que pode afetar profundamente o caráter e os resultados de um processo de mobilização social.
Um processo de mobilização não acontece espontaneamente, do nada. Ele é fruto da iniciativa de alguém. Alguém que, indignado diante de algum fato, decide descruzar os braços e fazer alguma coisa.
Além de indignação, as pessoas, grupos ou organizações que começam uma mobilização (e que são chamados pelo Bernardo Toro de “produtores sociais”) também carregam consigo muito bom senso: o produtor social sabe que não pode resolver nada sozinho. E é por isso que se dispõe a compartilhar suas inquietações e seus sonhos com outras pessoas.
Este encontro entre o produtor social e as outras pessoas, a comunidade, está na gênese de todo processo de mobilização. E neste momento é que a escolha por uma ou outra definição do dicionário pode fazer toda a diferença. Para fazer alguma coisa que queremos, muitas vezes precisamos “mobilizar” recursos. E este é um pouco do sentido da segunda definição: “apelar para os serviços de alguém” significa conseguir gente para fazer o que queremos, para viabilizar as nossas idéias e os nossos sonhos.
Mas acontece que as pessoas têm vontade própria, têm seus próprios sonhos. E melhor do que chamar os outros para viabilizar o “nosso” sonho, é construir um sonho que possa ser de todos. E este é um pouco do sentido da primeira definição.
Enquanto “apelar para os serviços” de alguém reforça a cultura da adesão, “dar movimento” serve para criar uma cultura de participação, em que as pessoas são tratadas como sujeitos, e não como recursos para viabilizar a vontade de quem quer que seja, por mais legítima e bem intencionada que seja essa vontade.
Bom, se vivemos num país que passa por um momento de mudança em que um dos principais desafios é justamente a criação de uma cultura de participação, fica evidente qual a definição mais adequada para pensar e fazer mobilização social, não é mesmo?
No entanto, apesar de iluminar uma direção e explicitar uma escolha ética, dizer que mobilizar é “dar movimento” não explica muita coisa ainda. O que de fato significa dar movimento? Bom, para isso, vamos precisar entender 3 elementos fundamentais de todo movimento social: o empoderamento, a irradiação e a convergência.
1) Empoderamento: Lá na Grécia Antiga já circulava a idéia de que os problemas e as coisas boas que existem na nossa sociedade não são obra dos deuses. A vida em sociedade é obra dos homens e das mulheres que formam a sociedade. Isso quer dizer que, seja pela ação ou pela omissão, todos nós somos sujeitos da história, e não meros espectadores. Como já dizia Paulo Freire na década de 60, “o homem é, por natureza, um ser eminentemente transformador. Não é a acomodação, e sim a capacidade de transformar a realidade que caracteriza o modo de ser do homem no mundo”.
Esse potencial de transformação é como uma chama quente que todo ser humano carrega dentro de si. Empoderar significa dar vigor a essa chama, essa energia que a história e as circunstâncias às vezes conseguem enfraquecer.
O empoderamento, portanto, é a base de todo processo de mobilização social. Empoderar significa promover a iniciativa e a participação das pessoas. Significa tirar das mãos de poucos e colocar nas mãos de muitos o poder de decidir os rumos da nossa sociedade.
2) Irradiação: A raiz da palavra empoderamento vem do latim potere, que significa “energia”. Portanto, quando falamos de empoderamento, no sentido de desconcentrar o poder de decisão, estamos falando em desconcentrar energia.
A física nos ensina que energia concentrada é um perigo, pode explodir a qualquer hora (pense na panela de pressão!). Mas energia circulando gera vida, mudança e se espalha pelo ambiente.
Num processo de mobilização, essa idéia é fundamental. O movimento precisa se espalhar, irradiar. E irradiar significa pelo menos 3 coisas:
a) Abrangência quantitativa: que cada vez mais gente (centenas, milhares, milhões de pessoas) desperte para o exercício da participação social.
b) Pluralidade: que não basta só ter muitas pessoas. É preciso que o movimento se espalhe envolvendo pessoas diferentes. Afinal, a sociedade é formada por pessoas diferentes. E os problemas sociais, que são de todos, devem ser resolvidos por todos. Assim, a participação de todos os setores sociais (poder público, sociedade civil e setor privado), de crianças, jovens e adultos, de mulheres e homens, negros, brancos e gente de todas as etnias tende a enriquecer e dar mais efetividade a qualquer movimento.
c) Organização social: que à medida que cada vez mais e diferentes pessoas aderem ao movimento, o tecido social que vai se formando deve ficar cada vez mais resistente e forte. A criação de redes, fóruns e organizações muitas vezes serve para isso.
3) Convergência: Ter muitas e diferentes pessoas altamente engajadas participando de um movimento é muito importante. Mas também pode ser um problema se cada um ficar puxando para o seu lado, defendo interesses próprios.
Por isso, outro elemento fundamental de todo movimento social é a convergência de esforços em torno de um propósito comum. Ou seja, é fundamental que as pessoas, apesar de suas diferenças, sejam capazes de definir e perseguir objetivos coletivos, cada um do seu jeito, mas todos no mesmo barco, navegando na mesma direção.
Para conseguir a convergência, precisamos ser capazes de responder para nós mesmos e para as pessoas que pretendemos mobilizar uma pergunta muito importante: onde queremos chegar com essa história toda? Existem 3 conceitos que podem nos ajudar a refletir sobre esse questionamento: o imaginário convocante, a idéia força e as metas mobilizadoras.
a) O imaginário convocante: No Nordeste, em época de São João, é possível sentir no ar o cheiro de festa e devoção que toma conta das cidades. Em especial para os adolescentes, essa é a época das quadrilhas e do forró de pé de serra.
Neste clima, certa vez um grupo de jovens estava reunido na praça de uma pequena cidade no interior do Ceará. Parados, calados, com os olhos arregalados e ouvidos atentos eles tentavam descobrir de que município vizinho vinha o som grave e distante da zabumba que denunciava o arrasta-pé que estava para começar.
Mesmo sem saber ao certo de onde vinha o som, decidiram encarar uma caminhada de mais de 4 léguas atrás de um pouco de festa, confiando que o som da zabumba os guiaria na direção correta. E de fato guiou. Esse “causo” real, ouvido no Ceará, expressa metaforicamente o sentido do conceito de imaginário convocante, cunhado pelo educador colombiano Bernardo Toro.
Assim como o som da zabumba para os adolescentes, o imaginário convocante é um horizonte atrativo, algo que, apesar da distância, motiva as pessoas e dá sentido à sua participação num movimento. O imaginário proposto por Betinho na Ação da Cidadania, por exemplo, era ter “uma sociedade que pratica a solidariedade”. O Gandhi, lá na Índia, propôs a todos o sonho de “um mundo mais justo e pacífico”.
b) A idéia-força: A idéia-força é como uma placa no meio do caminho dos adolescentes cearenses ansiosos por uma noite de diversão: assim como o som da zabumba (o imaginário convocante) ela conduz à festa. A diferença é que a idéia-força fornece um tipo de orientação mais objetivo e concreto do que o imaginário. Num processo de mobilização, a idéia-força, conceito criado por Rose Marie Inojosa, é “um problema social relevante, passível de intervenção solidária”.
Retomando os casos citados anteriormente, temos alguns exemplos ilustrativos. A idéia-força proposta pela Ação da Cidadania era “vencer a fome e a miséria no Brasil”. Para Betinho, assumindo esse desafio, o povo brasileiro estaria caminhando na direção de uma sociedade proativa e solidária, que era o imaginário convocante do movimento.
A idéia-força proposta por Gandhi era “conquistar de forma pacífica a independência da Índia”. Ele acreditava que, se os indianos e ingleses fossem capazes de resolver suas diferenças de forma pacífica e a Índia voltasse a ser soberana, teria sido dado um passo importante na direção de um mundo melhor.
c) As metas mobilizadoras: As metas mobilizadoras, por sua vez, orientam a participação de maneira ainda mais concreta do que a idéia-força.
São objetivos de curto prazo que traduzem o imaginário convocante e a idéia força para o dia a dia dos cidadãos, desdobrando-os no tempo e no espaço. Na Ação da Cidadania, por exemplo, foi proposto que “nenhuma família passasse fome no Natal de 1993”.
Depois de uma marcha de vários dias pela Índia, Gandhi chegou ao mar acompanhado de uma multidão que tinha um objetivo muito claro na cabeça: “não pagar mais os tributos ingleses sobre o sal indiano”. Nesse episódio, ficou famoso o gesto de Gandhi de pegar um punhado de sal do chão e erguê-lo para todos verem que dali em diante, se os indianos quisessem, voltariam a comercializar o sal livremente.
Como podemos notar, as metas mobilizadoras apontam desafios tangíveis, práticos e objetivos para os cidadãos que compartilham o imaginário convocante. Para entender melhor a complementaridade que existe entre esses conceitos, pensemos num iceberg... as metas mobilizadoras são a ponta visível. Elas são as ações concretas que em geral aparecem para as pessoas.
Betinho nos deu uma lição sobre isso com a Ação da Cidadania. Como ele próprio disse numa entrevista: “A fome é um problema concreto, imediato. E foi por aí que as pessoas encontraram uma forma mais imediata de contribuir. Bastava um tíquete-refeição, um quilo de arroz, uma lata de óleo e já estavam colaborando. Assim, a doação de comida se generalizou, com a população se organizando e se manifestando. Não era uma adesão abstrata.
Era uma ação concreta”. Mas ao mesmo tempo, como vimos, o movimento tinha um horizonte mais amplo. E esse é um dos motivos pelos quais muitas iniciativas que surgiram naquela época continuam existindo até hoje.
Voltando ao nosso iceberg, a conclusão é que, se as metas não estiverem sustentadas por uma base sólida, ou seja, uma idéia-força e um imaginário consistentes, quando forem alcançados os objetivos de curto prazo o movimento tende a afundar, não se sustenta. Uma coisa completa a outra: sem um imaginário convocante o movimento vira um ativismo passageiro. Sem metas mobilizadoras, o movimento pode começar a ser percebido pela comunidade como um idealismo impraticável, gerando angústia e frustração nas pessoas.


PRA RESUMIR, MOBILIZAÇÃO SOCIAL É...

Existem muitas formas de definir o que é mobilização social. Mas no nosso caso, à luz do paradigma ampliado que discutimos, coerentes com o fundamento ético adotado e entendendo os elementos de um movimento social, podemos dizer que: A Mobilização Social é um processo educativo que promove a participação (empoderamento) de muitas e diferentes pessoas (irradiação) em torno de um propósito comum (convergência).

PROCESSO: A mobilização social não se limita às manifestações públicas, às passeatas, às convocações em praça pública, ainda que eventos deste tipo tenham um papel muito importante.
EDUCATIVO: Ninguém nasce um cidadão atuante ou um ativista. Mas a partir de experiências concretas no seu bairro, na sua comunidade, na sua cidade, as pessoas vão aprendendo e incorporando cada vez mais a prática da participação social às suas vidas. Cristovam Buarque costuma até dizer que "mais difícil do que botar o povo na rua é levá-lo de volta pra casa".
EMPODERAMENTO: Empoderar significa promover a iniciativa das pessoas, acreditando que elas são capazes de resolver os problemas que afetam diretamente suas vidas.
IRRADIAÇÃO: A mobilização gera um movimento que vai envolvendo cada vez mais (quantidade) e diferentes (pluralidade) pessoas de um jeito organizado.
CONVERGÊNCIA: As mudanças acontecem de fato se a sociedade se articular em torno de um projeto de futuro coletivo. Para isso é fundamental conciliar as ações de curto prazo com uma visão de longo prazo.
Se um dia acontecer de um índio descer de uma estrela colorida e brilhante no coração da América do Sul, como preconiza o Caetano Veloso numa de suas músicas, devemos ser capazes de mostrar a ele um país diferente do que temos hoje. Um país em que a desigualdade não é uma coisa óbvia e as pessoas têm muito mais a dizer sobre ela do que simplesmente “porque aqui é assim”.
A mobilização social é um modo de construir a democracia e a participação. É um modo de construir um país em que todos promovem uma vida digna para todos.

antonio_lino(As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de seu autor).
*Antonio Lino é co-fundador da Aracati – Agência de Mobilização Social, www.aracati.org.br

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Política de Chapadinha 2012... de volta às reflexões.

Começo minha reflexão esclarecendo que o Partido dos Trabalhadores de Chapadinha - PT reafirmou sua permanência no governo de Danúbia Carneiro.
O Diretório Municipal reuniu-se no dia 19 de setembro e decidiu continuar, sob protesto de algumas lideranças tradicionais do partido no município.
A permanência foi avaliada como positiva dado o fato de que o momento político ainda se constitui indefinido e que uma saída poderia deixar o partido sem rumo político.

Vale lembrar que existem quatro caminhos possíveis ao PT nas eleições de 2012:

1º Permanecer no governo de Danúbia e assegurar uma continuidade de rota no sentido de fortalecimento do PT dentro do grupo de Danúbia e Magno.
2º Sair e caminhar para Belezinha, associada a todo o grupo do sr. Isaías.
3º Sair e lançar candidato próprio, arriscando o arrebanhamento de setores descontentes do governo de Danúbia e/ou de Isaías.
4º Caminhar para a chamada "3ª Via", que, caso mantivesse certa harmonia de propostas ideológicas e menos isolamento de grupos, teria condições de formar um grupo vitorioso para 2012.

A permanência do PT no governo de Danúbia fortalece o grupo político de Magno Bacelar, seja na esfera municipal, seja na estadual, dado o fato de que o grupo petista apresenta grande proximidade com lideranças estaduais do partido, inclusive com o vice-governador.
Outro motivo para acreditarmos que a proximidade com o PT fortalece o grupo de Magno e Danúbia é o fato de a aliança entre PT e PMDB estar cada vez mais reafirmada em nível nacional e estadual.

Contudo, tanto o PT quanto o grupo de Magno e Danúbia ainda precisam consolidar essa aproximação, caso queiram permanecer com o atual arranjo político.

Na verdade, a política municipal de 2012 já delineia seus primeiros traços e, de certa forma, o Partido dos Trabalhadores terá uma participação mais ativa nos rumos da política local, diferentemente das eleições anteriores.

Vamos ver!

Jânio Rocha Ayres Teles







domingo, 17 de abril de 2011

A sabedoria das palavras e a autenticidade do ser...

http://novaera-rose.blogspot.com/2009/11/chama-violeta.html
Veja aqui trechos de pensamentos acerca da sabedoria das palavras e da autenticidade do ser humano frente a si, frente à sociedade e frente à sua existência:





“O dicionário define teoria da conspiração da seguinte forma:
"Teoria que busca explicar uma polêmica como uma trama de um grupo secreto e não como um ato individual isolado".



“Um dia, o lobo teve a idéia de mudar sua aparência para conseguir comida de uma forma mais fácil. Então, vestiu uma pele de cordeiro e saiu para pastar com o resto do rebanho, despistando totalmente o pastor. 
http://www.google.com.br/images?hl=pt-BR&source=hp&biw=1020&bih=509&q=lobo+em+pele+de+cordeiro&gbv=2&aq=f&aqi=g1&aql=&oq=

Para sua sorte, ao entardecer, foi levado junto com todo o rebanho para um celeiro. Durante a noite, o pastor foi buscar um pouco de carne para o dia seguinte. Chegando no celeiro, puxou a primeira ovelha que encontrou. Era o lobo fingindo ser um cordeiro.”



“O poder da vítima
Rosana Hermann

Brasileiro adora coitadinho. Pode ser coitadinho social, intelectual, tanto faz. Sendo coitadinho, leva. Porque brasileiro é muito vaidoso e não há melhor exercício de vaidade no mundo do que ajudar um coitadinho ou sentir compaixão por ele. Aí sim, o vaidoso demonstra todo seu poder e superioridade. A mente nem traz pra consciência, pra não estragar a brincadeira, mas quanto mais o outro for coitadinho mais superior o ego se sente. 

Daí, o culto aos coitadinhos.
Os mais espertos percebem que quando ele se mostra uma vítima, vai ter carinho, colinho, dim-dim e aplausos. Quem se faz de vítima sempre leva a melhor, mesmo estando errado. Aliás, estar certo ou errado não faz a menor diferença diante da estrondosa fúria emotiva do coitadinho.
 
O coitadinho comove
http://saudesabervirtude.blogspot.com/2010_06_01_archive.html
Alguns espertos que descobriram isso vivem de ser coitadinhos profissionais. Queixam-se o dia todo do mundo das injustiças, do salário baixo, enfim, de absolutamente tudo. A exceção aos momentos de exposição de exemplos de vitimizações são os momentos de auto-elogio. 
Todo mundo ri e aplaude o coitadinho quando ele se auto-elogia. Sabe por quê? Porque o coitadinho não parece ser uma ameaça a ninguém. É só um pobre coitado.
Tá bom. Vai nessa. O coitadinho esperto é só um vaidoso que ainda não teve oportunidade de ser um tirano. Mas assim que ele começa a melhorar de vida mostra a que veio. Veio para se vingar de seu destino. Veio para colocar-se no lugar onde ele acha que merece, que é exatamente acima de todos os outros. O coitadinho acha que o mundo está em débito com ele e, portanto, tem o direito de reivindicar o que bem entender.
Eu tenho medo dos coitadinhos profissionais. Não dos coitados de fato, os miseráveis, os injustiçados, mas desse outro que descrevo.
Esse coitadinho será o primeiro a cortar a mão de quem lhe ajudou. A puxar o tapete de quem lhe ofereceu o ombro. Porque o coitadinho tem ódio de receber esmolas e migalhas. Ele nutre um ódio mortal por todas as testemunhas de sua condição de momento.
Portanto, se você tem bom coração, é sensível e preza a justiça, seja justo de verdade. Não confunda a vaidade de fazer benemerência com coitadinhos e a real vontade de ajudar alguém que necessita.
Doar-se não é dar o peixe, como se diz. É doar o que você tem de mais precioso, o seu tempo de vida na terra, para ensinar o outro a se virar sozinho.
Ser bom não é ser bonzinho. É fazer com que todos cresçam a sua volta sem medo de ser superado.
Ser bom é ser verdadeiro com o que tem, buscando sempre o melhor, mas mantendo a dignidade de não se fazer de coitado.
Nota do Editor: Rosana Hermann é Mestre em Física Nuclear pela USP de formação, escriba de profissão, humorista por vocação, blogueira por opção e, mediante pagamento, apresentadora de televisão.”


http://minhavidacestmavie.wordpress.com/2009/12/13/papo-de-doido/
“Megalomania é um transtorno psicológico no qual o doente tem ilusões de grandeza, poder e superioridade. É uma característica do transtorno afetivo bipolar. Também se caracteriza pela obsessão em realizar feitos e atos grandiosos.”



“Teoria da conspiração
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Teoria da conspiração é um termo usado para referir qualquer teoria que explica um evento histórico ou actual como sendo resultado de um plano secreto levado a efeito geralmente por conspiradores maquiavélicos e poderosos, tais como uma "sociedade secreta" ou "governo sombra".
As teorias da conspiração são muitas vezes vistas com cepticismo e por vezes ridicularizadas, uma vez que raramente são apoiadas por alguma evidência conclusiva, contrastando com a análise institucional, cujo foco é o comportamento colectivo das pessoas em instituições conhecidas do público, tal como é descrito em materiais académicos e relatos dos média mainstream, de modo a explicar eventos históricos ou actuais, ao invés de associações secretas de indivíduos. Por este motivo, o termo é muitas vezes usado de forma depreciativa, na tentativa de caracterizar uma dada crença como bizarra e falsa, cujo apoiante é considerado um excêntrico, ou um grupo de lunáticos. Tal caracterização é muitas vezes objecto de disputa, por serem possivelmente injustas e inexactas .
No final do século XX e inícios do XXI, as teorias da conspiração tornaram-se um lugar comum nos meios de comunicação, o que contribuiu para o conspiracionismo emergente enquanto fenómeno cultural. Acreditar em teorias da conspiração tornou-se, assim, num tema de interesse para sociólogos, psicólogos e especialistas em folclore.
 

“Me sinto como um peixinho coagido por cardumes de feras marinhas. 

Mas já dizia o famoso pelo menos por aqui ZECA E BANDA, cantor e compositor em uma de suas músicas:

"QUE FALE DE MIM, DE BEM OU DE MAL, PRA MIM É LEGAL ESTOU NA BOCA DO POVO".”