domingo, 27 de maio de 2012

A retórica fácil que tira a lógica da política

A entrada de Zé Reinaldo Tavares na administração municipal comandada pelo tucano João Castelo só reforça sua postura anti-PT e anti-Lula, fator determinante para que o Diretório Nacional do PT tenha decidido pela anulação do encontro estadual que decidira pelo apoio à chapa Dino-Reinaldista nas eleições de 2010.

Esta postura poderia até ser dissimulada, afinal, Tavares é filiado a um partido que faz parte da base aliada e, para não perder voto no estado que deu a segunda maior votação proporcional para Dilma, sua atuação contra o projeto petista se dá geralmente nos bastidores e não sob os holofotes, apesar de ele ter declarado apoio a José Serra no segundo turno da eleição presidencial.

Agora que está tudo as claras e Flávio Dino não pode mais ficar se fazendo de "João sem braço". Concorda com a "opção pelo atraso" ou romperá com seu tutor político? Deixando a retórica fácil de lado, o caminho natural seria o líder do PCdoB refutar aproximação com PSDB e, em não sendo candidato, declarar apoio ao petista Washington Luiz, de quem é amigo pessoal.

Mas não, isso não vai acontecer porque Washington é o "candidato de Sarney", mesmo discurso surrado do qual Flávio Dino foi vítima quando disputou a prefeitura em 2008 contra Castelo e com o apoio do PT. E essa retórica fácil tem mais peso na política maranhense do que qualquer debate real sobre os problemas e suas soluções a bem da população do estado e da ilha.

Mais até do que o governo Jackson Lago, eleito graças ao abuso de poder político do então governador Zé Reinaldo, Castelo vem deixando mais do que claro na prefeitura da nossa capital que ser contra Sarney não faz de ninguém bom gestor. Ser "anti-Sarney" significa muito pouco além de um discurso que mantém a relevância de metade da classe política maranhense.
 
 
 
 

Vagner Pessoa e a Política de Chapadinha

O Sempre polêmico, ex-deputado Vagner Pessoa foi o primeiro pré-candidato a conceder entrevista e a falar exclusivamente ao blog sobre as eleições que se avizinham. Esperando que a disposição de Vagner seja seguida pelos demais concorrentes, o blog entrará em contato com Danúbia e Belezinha para oferecer aos eleitores as primeiras linhas do debate que deve esquentar a partir do mês de junho, quando se realizarão as convenções partidárias. Depois dos apimentados aperitivos acima, vamos à entrevista com Vagner Pessoa.


Alexandre Pinheiro – Vagner Pessoa por que você quer ser prefeito de Chapadinha?

Vagner Pessoa – A nossa ideia é que Chapadinha continua naquele atraso de sempre, o povo reclama muito por falta de uma pessoa que queira trabalhar pela nossa cidade, povo reclama também por conta de atraso de salários como acontecia no passado. Então tá esse espaço vazio e eu quero justamente preencher esse espaço. Chapadinha está com as ruas que você não pode andar. A população hoje clama por uma saúde e uma educação boa que não existe. Então tá faltando um gestor que cuide destas coisas. A juventude de Chapadinha está jogada ai, sem ter um caminho. Então eu vejo, por isso, um espaço grande, entre estes candidatos e eu estou entrando bem no meio deste espaço. Se o povo entender minhas palavras eu tenho certeza que Chapadinha vai melhorar, porque conheço muito bem o trâmite no governo do estado, conheço o trâmite no governo federal e tenho acesso bom á justiça. Eu pra mim não vejo dificuldade de eu fazer as coisas por Chapadinha, sei que terei facilidade e estou pensando é em trabalhar. Eu estou querendo é trabalhar e romper nos 4 próximos anos o atraso de mais de 40 anos que Chapadinha vem sofrendo. Praças inacabadas, é ginásio que não existe, rodoviária precária, é mercado e uma série de coisas que Chapadinha precisa e eu como filho de Chapadinha pretendo realizar.


Alexandre Pinheiro – Você é oriundo do grupo do ex-prefeito Isaías e inclusive tem laços familiares com ele, qual é sua relação com grupo de Isaías hoje?

Vagner Pessoa – Não tenho hoje nenhuma relação com o grupo. Já fui procurado pelo grupo, mas não tenho nem conversa. Semana passada mesmo fui procurado pra eu sentar com a candidata deles lá. Eu não sentei e não vou sentar. Se eu quisesse alguma coisa com eles eu ia ao menos ouvir, mas nem isso eu quero, não quero papo com eles. Sou candidato a prefeito porque eu vejo essa brecha grande no meio. Além do mais a candidata deles é fraca, não tem discurso e nem popularidade.

Alexandre Pinheiro – Muitos atribuem esse seu rompimento com Isaías ao fato de você ter sido preterido como candidato dele a deputado estadual em função da filha Isamara. Foi esse mesmo o motivo do afastamento?

Vagner Pessoa – Eu já fui traído por eles três vezes. Foram três eleições. Na primeira vez eu me elegeria deputado com 8 mil votos, o prefeito de Buriti votaria em mim naquele período mas retirou apoio porque Isaías não me apoiou, ele (prefeito de Buriti) deu 5 mil votos pro candidato dele e aqui eu teria aqui 7 mil votos, já seriam 12 mil e sobrariam votos. Na outra eleição eles diziam que votariam em mim e votaram no João Evangelista e nesta eleição agora fui traído novamente. Por que eu iria acreditar neste grupo? Se lá tem uma pessoa que manda neste grupo. Antigamente quem mandava lá era seu Isaías e hoje quem manda é filha de seu Isaías, ou ele faz o que ela (Isamara) quer ou ela bota ele de casa pra fora. Então ele (Isaías) prefere obedecer a ela (Isamara).


Alexandre Pinheiro – Mantido o atual quadro você deve disputar as eleições com a atual prefeita Danúbia Carneiro e com a empresária Belezinha, qual sua opinião sobre as prováveis concorrentes?

Vagner Pessoa – A Danúbia vai pra reeleição com um profundo desgaste e acho que não há mais tempo pra ela se recuperar a não ser que o grupo mude de candidato. A outra candidata é fraca de nascença: tão votando nela, toda Chapadinha sabe, porque dizem que ela (Belezinha) que tem dinheiro. Ela quem vai bancar os cabeças do grupo, que querem o dinheiro dela e já tão tomando o dinheiro dela. Então lá eles fazem as coisas pelo dinheiro e só. Ela não tem expressão, não serve pra ser prefeita de Chapadinha. Ela não tem estrutura política nunca foi política. E não tenho medo dessas duas mulheres. Repito que vou entrar nessa brecha bem ai. Eu irei partir pra guerra e vou ganhar a eleição.

Alexandre Pinheiro – Você disse na primeira resposta que tem trânsito livre no Palácio dos Leões, como está receptividade de sua candidatura em Chapadinha pelo governo do estado?

Vagner Pessoa – Estive agora com o presidente Sarney, após a operação dele, comuniquei que sou candidato a prefeito de Chapadinha, porque meu assunto lá é com ele. Quando fui apoiar a governadora Roseana o fiz a pedido do presidente Sarney. Então ele já sabe que sou candidato e me orientou a procurar o Ricardo Murad que é a pessoa dele dentro do governo. Já estou em contato com ele (Ricardo) e outros pessoas pra gente montar a estrutura de nossa campanha em Chapadinha. De outro lado vejo gente ai que não tem trânsito nenhum no governo do estado. Tá como candidata porque tem dinheiro particular. Eu perguntou: e depois? Será que este dinheiro não será tirado dos cofres da prefeitura de volta? Claro que vai! É por isso que Chapadinha não vai pra frente. Além de tudo isso, não tem ajuda de um governo, de um empresário e de ninguém. Sou candidato independente, vou fazer uma campanha com pouco dinheiro e explicar essas coisas ao povo. Mas vou pra guerra!


Alexandre Pinheiro – Vagner fique a vontade para falar o que quiser.

Vagner Pessoa – eu queria dizer à população de Chapadinha que as duas candidatas já estão ai, uma já está testada pelo povo que não vai mais votar. E a outra se votarem nela digo bem aqui: se votar vai ser tempo perdido. Ela vai jogar os pés primeiro nos patrões e depois no povo. Essa candidata chama-se Belezinha, mas ela não gosta do povo. Por isso que eu vejo um caminho bem grande pra eu entrar no meio.
 
 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Reflexões sobre a URE de Chapadinha e o contexto educacional local, regional e estadual

Um dos grandes debates que giram em torno da Unidade Regional de Educação (URE CHAPADINHA), recentemente assumida pelo professor Jânio, diz respeito aos possíveis "benefícios" que poderiam ser alferidos para lideranças políticas e sociais em geral.
Grande parte das discussões gira em torno de contratos terceirizados, como de Auxiliares de Serviços Gerais (ASG's) e Vigilantes.
Em uma outra escala há a discussão sobre contratos de professores, cargos de direção em escolas e, ainda, possíveis "benefícios" diretos e/ou indiretos ao se ter acesso aos espaços escolares.
Mas tudo isso caminha de maneira paralela à verdadeira função da Unidade Regional de Educação e, de certa forma, embaça seu funcionamento de forma a prejudicar de maneira significativa o serviço de atendimento às demandas educacionais da população do Baixo Parnaíba e a recuperação dos indicadores educacionais da região e do Estado do Maranhão.
Uma mudança efetiva nesse quadro depende, na verdade, de uma grande reflexão a partir dos meios educacionais, dos sindicatos, das representatividades colegiadas e, em especial, dos meios políticos que, de certa forma, em última instância interferem significativamente no andamento dos trabalhos e em seus resultados.

Deixo aqui aberta a reflexão e, posteriormente, darei continuidade ao debate, sempre estando aberto a comentários construtivos e eficientes.

Jânio Ayres
FILÓSOFO
Chapadinha - Maranhão 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Os grandes disputarão, os menores definirão (de novo)

Apesar de uns e outros cantarem vitória a esta distância da eleição, é bom olharmos para trás e ver o que o passado nos deixou de lição política.

No período pré-eleitoral de 2008, lideravam as pesquisas de intenção de voto Dr. Levi Pontes (ex-PDT) e Dr. Talvane Hortegal (ex-PT).

Além de ser filho do lendário Antônio Pontes de Aguiar, Dr. Levi contava com o apoio do governo Jackson Lago, a simpatia do empresariado e da classe média, e pose de quem venceria as eleições dando continuidade apenas aos acertos do grupo com o qual rompera havia pouco tempo.

O então-neo-e-já-ex-petista Talvane Hortegal disputava a dianteira nas pesquisas e fez o PT crer que o mau desempenho da candidata governista, Danúbia Carneiro, faria com que a família Sarney obrigasse o então prefeito, Dr. Magno Bacelar, a apoiá-lo.

Para quem analisa política superficialmente parecia tudo bem definido para a disputa ficar por aí, afinal, o eleitorado estava cansado dos dois grupos tradicionais da política chapadinhense, não é mesmo? Não é mesmo!

Os dois candidatos juntos não somaram 15% dos válidos apurados e a disputa se polarizou entre Isaías Fortes (43,1%) e Danúbia Carneiro (41,9%), os candidatos que tinham grupo político. E permita-me, caro leitor, recorrer ao negrito e às letras maiúsculas para frisar uma obviedade que às vezes parece passar despercebida. A ELEIÇÃO NÃO É UMA DISPUTA ENTRE CANDIDATOS, MAS SIM UMA DISPUTA ENTRE GRUPOS.

Assim, quando se opta por candidato A ou B, deve-se prestar bem atenção em quem o rodeia, afinal é com eles que o candidato vai governar.

Quem decidiu, poderá decidir de novo

Apesar de nenhum dos dois terem tido força suficiente para polarizar a campanha, as candidaturas de Dr. Levi (PDT) e Dr. Talvane (PT) foram determinantes para o resultado final da eleição.

Mesmo tendo tido a menor votação proporcional de todas as vezes que foi candidato a prefeito (apenas 43%), Isaías Fortes foi o mais votado e só não é prefeito de Chapadinha hoje porque (como até o reino mineral sabia, menos Edson Vidigal) ele era inelegível.

Da mesma forma, o PT e os partidos da chamada 3ª via*, mesmo não tendo musculatura para disputar a eleição tendo candidatura própria com chances reais de vitória, serão determinantes para o resultado final da eleição.

A se confirmar a aliança de ambos com a candidatura governista, esta sairá com vantagem na hora do pega pra capar, afinal, é difícil imaginar que qualquer um dos grupos logre êxito em condição de isolamento e com todas as demais forças políticas do município unidas do outro lado.

De qualquer forma, a disputa será acirrada e, pelo que se vê até agora, sem nenhum debate sobre proposta de governo, principalmente por parte de quem se diz a mudança.
*PT e 3ª via deveriam ser uma coisa só