O Padre Pedro, da Paróquia de Chapadinha-MA, publicou em seu blog e eu repercuto:  
 
 "Senhora Governadora Roseana Sarney.
 Chapadinha,19-05-2010.
             [1.] Com o mesmo entusiasmo e orgulho com que Vossa Excelência nos  visita, e nossas Autoridades locais, nossos anfitriões, a acolherão na  Sua Pessoa e Representatividade Cívica, na riqueza inquestionável de  vivermos num regime democrático, em Estado de Direito, não me retraio em  dizer-lhe: - Lamento, cara governadora, eu não sinto nenhuma emoção,  compromisso ou mínima esperança diante da sua visita!
           [2.] Na rua e nalgumas cadeiras sentado, ouço comentários  desconexos...Tenho visto pouca TV local, a Rádio Mirante não consigo  escutar... (depois da censura ao conteúdo crítico do nosso programa  dominical, da parte do seu diretor administrativo); da Rádio Cultura, só  sei e é suficiente a possibilidade da difusão da santa missa, aos  domingos, para não privar os nossos doentes (e quem os cuida  zelosamente); quanto aos anúncios, através de blogs pré-pagos e  pré-direcionados politicamente não era de confiar... Resumindo, só soube  da confirmação da sua visita oficial, pelo convite/programa enviado  pela Prefeitura Municipal. O mesmo, lamento, não tem ‘conteúdo sólido em  inaugurações...’; conjeturo, será que vai haver anúncio de mais um Novo  Hospital... Vamos entrar em campanha política, fora dos prazos legais  da campanha oficial... O convite nada diz de promissor, para o sucesso  da sua visita... Não sei se não perderá seu precioso tempo, tão útil  para poder “Voltar ao Trabalho”, como é seu lema de compromisso  estadual...
  
          [3.] Mas sua ilustre visita não é clandestina. Que os foguetes...,  ruas e praças lotadas..., os salões apertados e os muitos sorrisos que  irão recepcioná-la como Governadora do nosso Estado! Possam ser  verdadeiros! Se a idéia é passar para o restante do Estado do Maranhão,  em reportagem jornalística, que a Senhora tem o nosso apoio  incondicional, aqui em Chapadinha, - tendo o apoio das Autoridades e  lideranças -, logo tem o apoio popular na cidade. Cara Governadora, sabe  que esse tipo de visita-de-encomenda se resume às velhas  práticas de quem faz política enganando o povo. Eu não comungo desse  voto em branco, voto tem conseqüências, exige compromisso.
 
         [4.] Penso num hipotético discurso de boas vindas e em quais  temas/assuntos que vos apresentaria sucintamente, enquanto  Governadora... Não seria de bom tom nem falta de educação, essa ousadia,  e começaria por vos falar de uma ‘cidade à beira de ser  sucateada’(principalmente na infra-estrutura de patrimônio público), em  termos institucionais estamos a fazer manutenção dos serviços-mínimos.  Cidade que cresce, cada vez mais, mas não se desenvolve, como merece e  tem potencial. Isso não poderia deixar de lhe falar. Falar dos bairros  abandonados, duma imensa periferia urbana que aumenta assustadoramente  sem nenhum planejamento. Isso não podia. Falar da saúde pública à beira  de uma situação caótica (as contas da Secretaria Municipal de Saúde em  2009, foram reprovadas pelo Conselho Municipal de Saúde, na recente  reunião de 29-04-2010). Isso não pode. Falar de uma educação de  ‘apadrinhamentos políticos’ onde as sucessivas reivindicações dos  professores tem sido indefinidamente prometidas e descumpridas em  acordos de conveniência. Isso não pode. Falar do caso, entre vários  outros, do descuido gravíssimo (novamente na saúde publica, a nível  sanitário, bem como ao nível do patrimônio moral e humano da nossa  cidade), para com os nossos vários cemitérios, depois de sepultar a  nossa líder, ainda ontem, Srª Dona Teresa, Bairro do Novo – Comunidade  Sagrada Família, no cemitério do Limoeiro, sem as condições mínimas por  parte do Poder Público. Poderia falar de outras Obras e Serviços  Públicos desatendidos e sem qualidade presente, e no futuro, a longo  prazo, tais como: fornecimento de Água na rede publica; Saneamento  básico; tratamento de lixo (o nosso aterro sanitário que é um crime  ecológico a céu aberto...); da entrada principal da nossa cidade, se a  senhora Governadora viajar de avião ou por outro meio, infelizmente não  dar conta do fato...fica o pré-aviso para com a sua coluna..., ou ainda,  de outras ruas principais, sem condições de trafego em segurança; a  inexistente iluminação pública (taxa imoral cobrada pela CEMAR e repassada às  Prefeituras locais); a situação preocupante, do nosso Centro Regional de  Detenção Prisional, sem as condições mínimas em termos de lotação, etc.  E se lembrar a lista interminável dos problemas/necessidades do povo do  nosso imenso Interior neste nosso Município, nunca mais terminaria esta  carta. Em todos os assuntos de importância para uma cidadania básica:  isso, também, não pode!
  
         [5.] O certo é que ‘viajar na maionese já pode’, mas discutir a  gravidade da nossa realidade, no descaso e alienação, no branqueamento  da mídia oficial (Radio, Tv, jornal quinzenal... e blogs), é que nem  sempre interessa às conveniências dos(as) nossos(as) vereadores(as),  dos(as) secretários(as) municipais, inoperantes, porque, não só mas  também, presos ao centralismo de uma Prefeitura-Sem-Cabeça, mas  com bolsos sem fundos, sem nenhum projeto consistente, orgânico e  dinâmico. Sem rumo à vista.
  
 
          [6.] Os sucessos e obras da Nossa Querida, - e apesar de tudo o  que foi dito muito resumidamente, anteriormente -, e bela Cidade,  pertencem à iniciativa das Igrejas (escrevo num plural mínimo, sem erro,  e não vou fazer o auto-elogio narcisista, em voga nos nossos  concidadãos mais badalados ... que é doença que não sofremos) ou à  iniciativa dos Comerciantes e Empresários chapadinenheses, com um  espírito empreendedor notável, temos entre nós, no passado recente, e  teremos num futuro, a curto prazo: novas Clínicas (boas mas caríssimas  para a maioria do povo de baixa renda); novas Casas Comerciais (de  diversos produtos e serviços que continuam a fazer de Chapadinha a  Princesa de todo o Baixo Parnaíba...), novos escritórios/departamentos  institucionais (edifício novo da Promotoria Pública, da Delegacia de  Policia, do Tribunal Regional do Trabalho, tudo com menos de ‘três  anos’, mas de projeto/financiamento, exclusivamente federal); e novas  Universidades (UFMA e FA.P./CRESU no domínio privado), novo grandioso  colégio, só para dar alguns exemplos consideráveis, sendo reservado  quando à referência de nomes e marcas de relevo quanto a projeto cívico,  cientifico e ético.
   
         [7.] Seja bem-vinda, mas não se deixe enganar, porque sei que não  se quer enganar, nem quer enganar, muito menos, os Chapadinheses, seus  concidadãos. Possa fazer o seu diagnóstico da realidade, sem falsos  quadros e fotos de ocasião. Possa assimilar nossa angústia, nossas  esperanças, ainda que aceite também esta nossa descompressão afetiva e  efetiva.
 
          [8.] Despeço-me, repentinamente, sem formalidades, como  iniciei...
 Com a mais alta consideração,  estima e acreditando no Brasil, que se consolidará, brevemente, como 5ª  Economia Mundial, vivendo neste quase paraíso natural e cultural  maranhense, pedindo-lhe, com honestidade e fé, ajude-nos a construir o  Futuro da Nossa Cidade, não nos deixe refém do nosso passado, menos  digno, para que o presente, seja o lugar da honra, do trabalho e da  alegria sadia! 
       Rezo e canto, em voz  baixa... o Hino de Chapadinha!
  
 POR: Pedro José, Chapadinha, 19-05-2010.7065  caracteres (com esp. incluídos) – 23h19.
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Jânio Rocha Ayres Teles
Filósofo Chapadinhense