domingo, 20 de fevereiro de 2011

A culpa é do Lula! Não gostou? Reclama pra ele!

Ontem, dia 19 de fevereiro de 2011, foi um dia que podemos considerar histórico para o município de Chapadinha-MA. 

Calma! 

Washington (vice-governador eleito, PT) e Lula (ex-presidente do Brasil, PT)
Não houve uma catástrofe ou a descoberta de algo que mude radicalmente a vida cotidiana dos chapadinhenses (pelo menos de imediato não). 

Falo da composição do PT (Partido dos Trabalhadores) em nível local com a gestão municipal de Chapadinha-MA para contribuir com a melhoria da administração pública. 

As conversas foram iniciadas no final de 2010 por ocasião da tentativa do PT local em resolver a situação do SINE (Sistema Nacional do Emprego), sob a gestão de pessoas do partido em Chapadinha-MA. 

Michel Temer (vice-presidente eleito, PMDB); Dilma (presidenta eleita, PT); Lula (ex-presidente do Brasil e padrinho da união PT e PMDB)      FONTE: http://simaopedro.blog.br/2011/01/dilma-compromisso-e-trabalhar-para-tornar-o-pais-do-tamanho-de-nossos-sonhos/
Trata-se do fato de que o SINE tem gestão compartilhada entre Governo Federal, Estadual e Municial. Como o que corresponde ao município estava deixando a desejar, o partido procurou a prefeita para tentar resolver a situação, sob o risco de Chapadinha-MA perder a agência do SINE. 
Washington (vice-governador eleito, PT), Roseana (governadora eleita, PMDB) e Monteiro (presidente estadual do PT)

As conversas evoluíram ainda mais quando resolveu-se ampliar a pauta de reivindicações de pessoas do partido, incluindo, por exemplo, melhorias para o Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente mais o Conselho Tutelar, estruturação do Conselho do Plano Diretor, melhorias no setor da saúde, resolução de problemáticas no setor da Educação, dentre outras reivindicações. 
ex-vice governador João Alberto (PMDB) e J. Antônio Heluy (secretário do trabalho, PT)          FONTE: http://hostiliocaio.blog.uol.com.br/arch2009-04-26_2009-05-02.html

A conversa evoluiu tanto que houve a proposta da prefeita em ceder  Secretaria do Trabalho (conversa que já se fazia presente desde as primeiras conversas sobre o SINE, mas com resistências no partido). 

O Diretório do partido resolveu discutir essas questões e decidiu condicionar ainda mais para que pudesse diagnosticar a seriedade das propostas e das promessas da prefeita e, ainda, realizar ações de melhoria significativa na sociedade chapadinhense. Destafeita, propôs, além da Secretaria do Trabalho, a Secretaria de Agricultura e a Secretaria de Assistência Social, haja vista o forte vínculo do Partido dos Trabalhadores com esses campos de atuação. 
Danúbia (prefeita),  Zezinho (presidente do PT de Chapadinha-MA)José Almeida (presidente do PMDB de Chapadinha-MA)

A prefeita, e sr. Magno (agora deputado), chegaram a comentar da concessão de mais duas secretarias (Secretaria da Mulher e Secretaria de Projetos). Contudo, as conversas posteriores internas do partido e junto à prefeita levaram à conclusão que a proposta inicial das três secretarias seria mais rasoável, pois o partido não estava interessado em cargos ou benefícios individuais, mas na potencialidade de um trabalho articulado entre secretarias que já tinham afinidade com sua base de atuação. 

Por outro lado, o sucesso da composição PT e PMDB em nível estadual e nacional influenciaram para uma aproximação entre as duas instituições partidárias em nível local (vale lembrar que o PMDB em nível local é aliado político do deputado Magno e Danúbia. 

http://www.ferias.tur.br/cidade/2435/chapadinha-ma.html
A aproximação do PT local com o grupo político que está na gestão municipal (que detém o apoio do PMDB local) pode ser considerada arriscada, mas é avaliada como uma decisão correta no aspecto político. 

O grande objetivo do PT com essa decisão é a melhoria na administração pública municipal e o fortalecimento do partido através da demonstração de ações concretas de melhorias para a população chapadinhense. 






domingo, 13 de fevereiro de 2011

PARA ONDE VAI O SOCIALISMO NO SÉCULO XXI? (e o PT de Chapadinha-MA?)

A política brasileira na contemporaneidade, especialmente a maranhense, exige um grande repensar do papel da esquerda frente à realidade social, econômica e política das populações mais pobres de nossa sociedade. 

A grande discussão se faz em relação a três pontos: 
1 - Como a esquerda pode ter acesso ao poder para implementar as mudanças sociais que tanto almeja para a população mais pobre? 

2 - Como chegar ao poder sem ter que implementar práticas políticas viciadas e sem se aliar com grupos também viciados politicamente? 

3 - Ao chegar ao poder, terá competência para gerir o já constituído e, ao mesmo tempo, implementar mudanças sem que haja uma desestabilização no modo de vida da sociedade? 

Eis as questões essenciais que embasam os debates da esquerda neste início do século XXI. 

A partir daí, apresentar-se-á trechos de reflexões que já se vem realizando no Brasil e no mundo acerta dos pontos acima elencados. O objetivo de tal apresentação é iluminar a reflexão sobre os caminhos para o PT de Chapadinha-MA. 

Vejamos: 

"Novas estratégias

Diante deste complexo e desafiador quadro de incertezas, quais estratégias poderiam ser utilizadas pela esquerda para o século XXI?

Conforme o apontado anteriormente, as recentes transformaçõespolítico-econômicas ocorridas nas últimas décadas, principalmente o colapso do comunismo soviético e a crise financeira capitalista, colocam novas questões para o pensamento político global.

Neste contexto, a “velha esquerda” - marxista, socialista e revolucionária por excelência - mostra-se obsoleta e incapaz de interpretar e agir de forma consistente sobre o mundo contemporâneo. “A Esquerda necessita de uma visão [...] simultaneamente mais abrangente e mais exigente que a de Marx.” (ROGERS; STREECK, 1997, p. 184).


http://topicos.estadao.com.br/fotos-sobre-bndes/integrantes-do-mst-entram-em-confronto-com-a-policia-em-protesto-na-sede-do-bndes,03279b00-a133-4a75-9f69-fac2c30fd5b5

Doravante, é imprescindível amalgamar novas ideias a sua plataforma.

A liquidação da esquerda anterior, [...] por sua relativa debilidade, abriu campo para o surgimento de uma nova esquerda, desvinculada dos erros mais gritantes daquela força derrotada. Dentre eles estavam o atrelamento ao aparelho do Estado, as alianças subordinadas com frações burguesas, as posições internacionais de vinculação acrítica à URSS, a rigidez organizativa, a falta de criatividade política e cultural. (SADER, 1997, p.

11).

Diversos analistas asseveram a necessidade de uma esquerda mais moderada e menos ortodoxa. Para estes pensadores - ao contrário de setores da “antiga esquerda”, que apregoam o fim do Estado, do mercado e da propriedade privada - é preciso “reestruturar” e não “eliminar” tais instituições. Defendem também a via democrática em detrimento da via insurrecional como o melhor caminho para a esquerda chegar ao poder.

Manuel Escudero (1997) ressalta que a esquerda deve evitar a tentação utópica de construir sistemas globais perfeitos, e rejeitar qualquer concepção progressiva e determinista da história. Para David Miliband, mais do que criticar as injustiças do presente, é preciso fornecer esperanças realistas de mudança no futuro. “A tarefa da esquerda é [...] menos mostrar que a reforma é necessária do que mostrar que ela é possível”. (MILIBAND, 1997, p. 20).

http://www.primeirodeabril.com.br/index.php?pag=noticia&id_noticia=183&id_menu=26
Joana Andrade e Alexandre da Silva (2003) descrevem como principais características da nova esquerda: o abandono progressivo de vários pressupostos básicos das teses marxistas, a adoção de um “discurso único” em defesa do aperfeiçoamento gradual do sistema capitalista através de reformas legislativas e a renúncia ao método revolucionário.

Michel Rocard (1997), Gérald Collomb (2005) e Robert Kuttner (1997) enfatizam que o mercado (instituição historicamente repudiada e combatida por setores da esquerda tradicional) não deve ser abolido, mas organizado e regulado pelo poder estatal e pela sociedade.

Segundo Rocard, para haver uma economia bem sucedida não há alternativa fora do mercado. No entanto, como a livre circulação de mercadorias e capitais geralmente acentua as desigualdades sociais, faz-se necessário uma maior regulamentação dos mercados por parte do Estado. Collomb defende uma economia mundial baseada em um mercado racionalizado, voltado para a promoção do bem público. Já Kuttner adverte que o mercado, por ser instrumento de poderosos atores privados cujos interesses não coincidem com os anseios da maioria da população, deve ser socialmente controlado e dirigido. “A Esquerda tem de representar um paradigma alternativo. Deve argumentar que os mercados são instáveis, ineficientes e injustos”. (KUTTNER, 1997, p. 204).



 
Bibliografia consultada e/ou sugerida:

ALMEIDA, Maria Aparecida de. A sociedade do conhecimento e neoludismo. Psicopedagogia

online: educação & saúde. 16 de agosto de 2005. Disponível em:
. Acesso em: 29 mar.
2010.
ANDRADE, Joana El-jaick; SILVA, Alexandre Garrido da. O Século XX - O Declínio das
Ideologias?. Revista Habitus: revista eletrônica dos alunos de graduação em Ciências Sociais
– IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p.33-44, 30 mar. 2003. Anual. Disponível em:
. Acesso em: 01 mar. 2010.
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Salles Freaza. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

É bonitinho... ...mas eu não quero pra mim.... !

O PT de Chapadinha-MA vem debatendo internamente a possibilidade de construir um projeto político em parceria com a gestão municipal. 

Algumas pessoas de nossa sociedade, algumas até consideradas lideranças políticas de nosso município, questionaram essa possível aproximação, insinuando fisiologismo ou ingenuidade política.

Alguns até afirmam que o PT não terá mais a força moral que sempre teve perante os "poderosos" no sentido de denunciar as irregularidades e mostrar o caminho certo. 

Que irônico e contraditório, não me lembro de ver algumas dessas mesmas pessoas e lideranças aderindo ao projeto político do PT de Chapadinha, o projeto de construção de uma sociedade sem corrupção e com justiça social. É muito fácil querer o PT sempre limpinho e pronto a servir aos interesses de quem precisa mobilizar a massa. Mas, investimento político, viabilidade eleitoral e mãos dadas por um projeto social, nem pensar! O PT é bonito (sua ética, sua história...), mas não é pra mim... (isto é, para aqueles que criticam a decisão do partido).

Há quem questionava, inclusive, o porquê de pobres candidatarem-se a alguma coisa. Que coisa, né! 


adaptado de: http://www.robertokenard.com/politica/2010/10/01/roberto-rocha-assume-lado-sarneista/











A chegada do PT ao Governo Federal e, de certa forma, ao governo estadual, promoveu um processo de amadurecimento político e que provocou uma reflexão quanto à eficiência de discursos radicais de oposição e, ainda, acerca da resistência a colocar-se em uma posição de comando, por receio à situação vulnerável. 

Os rumos da política local, vistos a olhos superficiais, podem conduzir à opinião de que está ocorrendo uma degradação do quadro político. 

Na verdade, o PT caminha para um esforço de reconstrução política do município, não torcendo pelo "quanto pior, melhor", mas vendo que o mal para um grupo político que está no poder representa, de certa forma, o mal para toda uma população. 

O PT pretende mostrar para a sociedade chapadinhense o que o partido já realizou em nível nacional. 

 Os caminhos políticos para essa realização constituem-se legítimos no âmbito político pós moderno, o que pode não parecer no âmbito da prática populista sem projeto, do oportunismo vazio, do oposicionismo terrorista, do coronelismo já conhecido e da política do "pão-com-circo". 

Para aqueles que procuram abrir a mente e buscar saber os fundamentos do debate...         

Parabéns! 

Vocês poderão estar testemunhando uma iniciativa corajosa de resgate de nossa política. 



http://seichonoie.blog.dada.net/
Entretanto, para aqueles que se fecharam em uma opinião pré-concebida, preconceituosa e superficial...        

Que Pena!    

Pois fecharam-se a qualquer possibilidade de compreensão dos fundamentos e dos acontecimentos políticos e, dessa forma, quando forem perceber, perderam o bonde da história. 





por: Jânio Rocha Ayres Teles









sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Moralismo ingênuo ou Socialismo realista?


“Até que ponto a política é compatível com a ética? A política pode ser eficiente se incorporar a ética? Não seria puro moralismo exigir que a política considere os valores éticos?
Quando se trata da relação entre ética e política não há respostas fáceis. Há mesmo quem considere que esta é uma falsa questão, em outras palavras, que ética e política são como a água e o vinho: não se misturam. Quem pensa assim, adota uma postura que nega qualquer vínculo da política com a moral: os fins justificam os meios.
O ‘realismo político’, ou seja, a busca de resultados a qualquer preço, subtrai os atos políticos à qualquer avaliação moral, entendendo esta como restrita à vida privada, dissociando o indivíduo do coletivo.
Esta concepção sobre a relação ética e política desconsidera que a moral também é um fator social e como tal não pode se restringir ao santuário da consciência dos indivíduos. Em outras palavras, embora a moral se manifeste pelo comportamento do indivíduo, ela expressa uma exigência da sociedade (um exemplo disso é a adoção dos diversos "códigos de ética"). Ou seja, não leva em conta que a política nega ou afirma certa moral e que, em última instância, a política também é avaliada pelo comportamento e entendimento moral das pessoas. Aliás, se a política almeja legitimidade não pode, entre outros fatores, dispensar o consenso dos cidadãos — o que pressupõe o apelo à moral.



Há também os que, ingenuamente ou não, adotam critérios moralizantes para julgar os atos políticos. Por conseguinte, condicionam a política à pureza abstrata reservada ao ‘sagrado’ espaço da consciência individual. Estes imaginam poder realizar a política apenas pelos meios puros.


O moralismo abstrato concentra a atenção na esfera da vida privada, do indivíduo. Portanto, aprisiona a política à moral intimista e subjetiva deste. Ao centrar a atenção na esfera individual, o moralista julga o governante tão-somente por suas virtudes e vícios, enfatizando suas esperanças na transformação moral dos indivíduos.
Ao agir assim reduz um problema de teor social e coletivo a um problema individual. No limite, chega à conclusão de que as questões sociais podem ser solucionadas se convencermos os indivíduos isoladamente a contribuírem, por exemplo, dividindo sua riqueza como os desafortunados.


O resultado é catastrófico: o moralista angustia-se porque a política não se enquadra nos seus valores morais individuais e termina por renunciar à própria ação política. Dessa forma, contribui objetivamente para que prevaleça outra política.




De um lado o ‘realismo político’; de outro, o moralismo absoluto. Nem tanto mar, nem tanto terra. A política e a moral, embora expressem esferas de ação e de comportamento humano específicas e distintas, são igualmente importantes para a ação humana no sentido da transformação social.



Política e moral são formas de comportamento que não se identificam (a primeira enfatiza o coletivo; a segunda o indivíduo). Nem a política pode absorver a moral, nem esta pode ser reduzida à política. Embora sejam esferas diferentes, há a necessidade de uma relação mútua que não anule as características particulares de cada uma. Portanto, nem a renúncia à política em nome da moral; nem a exclusão absoluta da política.”